Meios e Mídias · Paradigmas e comportamentos

Polêmica, eu quero uma pra viver (Ou “O Twitter grunindo contra a Bethânia”)

Nesses tempos de mídia social e profundidade de pires do avesso em 140 caracteres, todo dia temos uma polêmica nova. Eu passo ao largo dos tais trends, e quase sempre sou marido traído, o último a saber… Do que estão falando mesmo? Ah tá… Então tá.

Mas às vezes pego a discussão no começo, ao invés de tentar tomar o bonde já a meio caminho, pendurada no estribo, quase caindo nos trilhos. Quando é assim, a meio caminho do esgotamento natural da polêmica vazia (que morre em si mesma, silenciosamente e sem aviso prévio), prefiro nem me meter. Mas ok, as vezes pego a discussão no começo.

A polêmica do dia é… Maria Bethania e a lei Rouanet.

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Crônicas do Cotidiano · Paradigmas e comportamentos

Desvia e rebate: a técnica preferida de quem não saber argumentar

Um post críptico para bom entendedor, onde meia palavra basta e ponto é letra….

Duas pessoas se encontram nas ruas da internet (sabe aquele lugar onde todo mundo é macho pra caramba? Pois é, lá mesmo!). Uma odeia a outra, embora a contrapartida não seja verdade. Poderia ser, mas por acaso não é. É apenas um ilustre desconhecido que por A+B-C resolveu que o interlocutor é motivo de seu ódio supremo. Inverossímil? Oh, acredite, isso acontece. Então, duas pessoas se encontram em um site sobre receitas num tópico de picadinho de carne (é, eu sei, eu e meus exemplos surreais) onde se condenava o uso da salsa para temperar picadinho. O sujeito A, que nem foi quem começou a conversa, concorda que temperar a carne com salsa não picada e não lavada estraga o picadinho. O outro acha que fica uma maravilha e que é um absurdo, uma heresia, reclamar da salsa que estraga o picadinho, sendo que essa era apenas a opinião de quem começou o assunto.  Resolvem discutir acaloradamente.

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Meios e Mídias · Paradigmas e comportamentos

Imparcialidade, esse conto da carochinha…

A física quântica deu o coup de grace no que as ciências humanas já há muito tinham decretado a falência múltipla de órgãos: a tal da imparcialidade. Partículas subatômicas mudam de comportamento quando passam de não observadas para observadas. O simples olhar do observador inviabiliza a imparcialidade. Ao olhar, simplesmente olhar, o observador que almejava imparcialidade, passa de estudioso à parte do objeto de estudo, e seu olhar determina o comportamento do observado.

Então quando leio algo como “espera-se uma resenha imparcial”, eu fico pasma, procurando entender em que língua morta e enterrada essa frase foi escrita. Como assim uma resenha imparcial? Ao resenhar, eu estou dando descrevendo as características de um produto, o que é impossível sem deixar, nem que seja nas entrelinhas, a minha opinião. Procurem no dicionário: Opinião -> s. f. Juízo ou sentimento, que se manifesta em assunto sujeito a deliberação. Se sou incapaz de observar uma partícula subatômica sem alterá-la, como posso escrever um texto, sobre o que quer que seja, sem me tornar parte daquilo que escrevo e ser, por definição, parcial e opinativa?

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Meios e Mídias · Paradigmas e comportamentos

Sim, eu falo mal de Justin Bieber, BBB e Tormenta. E explico por que…

O termo fenômeno vem do grego phainestai e significa aparecer. Então, fenômeno é qualquer coisa da qual possamos ter consciência. Na linguagem coloquial, acabamos por adotar “fenômeno” como aquilo que se destaca, que é notável não por ser passível de ser notado, mas por se destacar entre os demais.

Entretanto, as coisas se destacam por diversos motivos e, mesmo que concordemos que se destacar é um mérito em si mesmo, o ato de destacar-se não denota uma qualidade intrínseca daquilo que se destacou.

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Paradigmas e comportamentos

A arte de comentar

Eu não sou dona da verdade. E nunca quis ser. Mas aprendi desde cedo a defender meus pontos de vista até ser convencida do contrário: e acreditem, eu não me importo em ser convencida do contrário. O caminho do aprendizado é, e sempre foi, o diálogo.

O ruim de escrever na internet é que você não fica cara a cara com seu interlocutor. Quando alguém lê um texto seu na sua frente algum comentário saí dali. Bom, ruim, gostei, não gostei, concordo, discordo, e por aí vai. Mas aqui as pessoas vem, lêem, vão embora, e exceto por um hit anônimo, a gente nem sabe que alguém esteve por aqui. Mas isso não é muito diferente de ler um jornal ou um livro, na verdade, é até melhor porque há a possibilidade de interagir. Agarra essa oportunidade quem quer!

Mas comentar na internet não é, ou não deveria ser, diferente de dialogar com alguém na “vida real”. Discordar e criticar são direitos que todos tem, a forma é normalmente muito mais problemática que o conteúdo. As pessoas se acham no direito, por estarem escondidas atrás de um monitor em alguma parte do mundo, de serem grosseiras, ríspidas, vazias em conteúdo na hora de criticar. Não gostou? Tá coberto de razão e no seu absoluto direito, mas me explica porque, como e quando, e abra o espaço pra eu argumentar também. Com sorte, a gente chega num consenso, ou na pior das hipóteses, a gente pelo menos dialogou. Continue lendo “A arte de comentar”

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Pequenos manifestos pela arte democrática (2)

Fragmento do cartaz do Ato pelo Debate Público de Direitos Autorais que aconteceu em maio / 2010

O que é meu é meu e o que é seu é seu. Até aí a gente concorda. Eu não tenho nenhuma intenção de entrar na sua casa e sair pegando os seus pertences, mas o que foi solto no mundo é meio que do mundo…É alguns bens são por definição (ou deveriam ser) coletivos. O ar que eu e você respiramos por exemplo. E a cultura.

Mas o povo não está interessado em cultura de verdade.” Diz o sujeito com o rosto meio escondido alí na fileira de trás. Não está mesmo? Ou só não conhece? Não foi dado o direito de querer? A TV foi comprada a prestação e eles assistem o que aparece lá pra ser assistido. Gostam de algumas coisas, desgostam de outras, mas não há propriamente muita opção alí para se conversar a respeito. Vale o mesmo pro show que acontece no clube da esquina (e antes fosse o Clube da Esquina!), e o CD, que por sinal, eles compram alí no camelô da praça, muito obrigado. Livro? Muito caro, deixa pra lá. E segue por aí já que a lista é longa e o acesso,quase nenhum. Continue lendo “Pequenos manifestos pela arte democrática (2)”

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Calar a boca? Vem calar!

O mundo tem 2 pesos e 2 medidas, e só não vê isso quem não quer. Nossos filhos, mal saídos das fraldas e ainda embolando a língua, costumam aprender a dizer “não é justo” mais ou menos depois que aprenderam a falar não. O resto, eles aprendem depois. É que temos essa percepção clara das dicotomias muito antes de percebermos o mundo como um todo, e apesar das frequentes confirmações futuras, viramos adultos abismados frente a estas variações de conduta, e nós mesmos, a reproduzindo.

Como diz o Galdino (O Teatro Mágico): “É a onda do momento depois das vuvuzelas: todo mundo querendo calar alguém.” Alguém enfia a vuvuzela naquele lugar. Cala a boca, Galvão. Cala a boca, Dunga. Cala a boca Tadeu Scmidt. Mas calar a boca que é bom (?!?), ninguém cala. E não vai calar. Já falei por aqui que temo que o mundo andou deixando de ser relevante, e em algum  grau, mesmo que de longe, concordo e tenho medo da tal época dos grunidos que Saramago (que o Universo o tenha!) previu. Mas verdade seja dita, esse mundo global e digital, de orkuts, facebooks, twiters e blogs tem seu mérito: a minha palavra, relevante ou não, tá solta no mundo pra quem quiser ouvir. Eu não preciso ser famosa ou relevante, eu não preciso aparecer na Globo. Eu sou alguém que fala, que emite uma opinião, que (supostamente) tem alguma coisa a dizer, doa a quem doer, incomode a quem incomodar. Não gostou? Não ouve. Ou vem calar… Continue lendo “Calar a boca? Vem calar!”

Paradigmas e comportamentos · Pensamentos Aleatórios

O suor, o futebol, o mel e as tropas da ONU…

Luis Fernando Verissimo tem uma crônica (do meu recém lido O Melhor das Comédias da Vida Privada) em que se refere a uma frase publicitária perfeita e o efeito que ela faria em seu criador (A Frase). Lembrei disso numa série de associações aleatórias por conta das propagandas do Rexona Men SportFan que é simultaneamente estúpida e genial. Vez por outra certas propagandas sintetizam com perfeição alguns conceitos, no caso, o efeito zumbificante  que o futebol exerce em algumas pessoas. E não são poucas…

Já é de domínio público a frase intelectualóide e esquerdista (notem que há diferenciação disso para intelectual e de esquerda…) de que “o futebol é o ópio do povo“, parte da mais-de-domínio-público-ainda política de Pão e Circo.  É que reducionismo pouco é bobagem… Em sua essência fundamental, isso não deixa de ser verdade, mas assim como nós somos feitos de átomos e átomos se reduzem a um quark, e um quark não nos define, esse reducionismo não define o fenômeno futebol.

E o mesmo caso dos reducionismos que afirmam peremptoriamente que televisão, internet e videogames emburrecem… Ou que intervenções são, por essência e natureza, um abuso de poder. O quê de verdade que existem nessas afirmações nem de longe encontram seu correlato total na realidade.  A verdade (ou o que podemos apreender como verdade de dada situação) é sempre muito mais complexa do que a análise de suas partes… Continue lendo “O suor, o futebol, o mel e as tropas da ONU…”

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Lost e o Realismo Fantástico (pra quem não gostou de LOST)

Já deu? Chega de Lost? Bom, há controvérsias. Ao responder em alguns blogs que falaram do fim de Lost, eu ainda estou recebendo ainda hoje, os novos comentários que esses posts receberam, e notei uma coisa: num primeiro momento era um embate equilibrado sobre quem gostou e quem não gostou, agora, parece que é um assunto em pauta apenas pra quem não gostou.

A idéia é que quem gostou já absorveu isso em suas vidas e tocou em frente, de forma análoga aos personagens da série. Quem não gostou ainda está remoendo a história do fim. E o protesto é sempre o mesmo: Não respondeu às perguntas e foi um final novela das 8.  Aí eu peço desculpa pela prepotência: Vocês não entenderam nada!  Não é o fato de ter gostado ou deixado de gostar que me diz que vocês não entenderam. Gostar é uma questão de escolha pessoal e pronto. Tem gente que gosta de jiló, tem gente que não.

A questão é que os motivos de vocês não terem gostado remetem ao fato de vocês terem comprado gato por lebre. Lost não é um livro de Ágata Christie, está muito mais pra um de Gabriel Garcia Marques… Continue lendo “Lost e o Realismo Fantástico (pra quem não gostou de LOST)”

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Lost: O Fim e o Arrebatamento

Muito já foi dito, então não espero trazer alguma consideração revolucionária. Espero apenas desabafar. O problema do arrebatamento é que ele enche o seu peito, e é preciso dividir isso de alguma forma pra que faça sentido. O fim de Lost foi arrebatamento. Não foi explicação ou ausência dela: Como o Windblow disse coberto de propriedade, foi um episódio para ser sentido, e não para ser entendido. E qualquer consideração a parte, ele cumpriu esse papel. Então vamos às considerações…

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