Meios e Mídias · Paradigmas e comportamentos

Polêmica, eu quero uma pra viver (Ou “O Twitter grunindo contra a Bethânia”)

Nesses tempos de mídia social e profundidade de pires do avesso em 140 caracteres, todo dia temos uma polêmica nova. Eu passo ao largo dos tais trends, e quase sempre sou marido traído, o último a saber… Do que estão falando mesmo? Ah tá… Então tá.

Mas às vezes pego a discussão no começo, ao invés de tentar tomar o bonde já a meio caminho, pendurada no estribo, quase caindo nos trilhos. Quando é assim, a meio caminho do esgotamento natural da polêmica vazia (que morre em si mesma, silenciosamente e sem aviso prévio), prefiro nem me meter. Mas ok, as vezes pego a discussão no começo.

A polêmica do dia é… Maria Bethania e a lei Rouanet.

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Sim, eu falo mal de Justin Bieber, BBB e Tormenta. E explico por que…

O termo fenômeno vem do grego phainestai e significa aparecer. Então, fenômeno é qualquer coisa da qual possamos ter consciência. Na linguagem coloquial, acabamos por adotar “fenômeno” como aquilo que se destaca, que é notável não por ser passível de ser notado, mas por se destacar entre os demais.

Entretanto, as coisas se destacam por diversos motivos e, mesmo que concordemos que se destacar é um mérito em si mesmo, o ato de destacar-se não denota uma qualidade intrínseca daquilo que se destacou.

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Meios e Mídias · Paradigmas e comportamentos

A Onda (ou todo ser humano é um fascista)

Todo ser humano almeja o poder. Todo ser humano necessita de identificação de grupo. Todo ser humano deseja ‘fazer parte’, não importando do que. Todo ser humano quer ser considerado especial e melhor que os que não fazem parte de seu seleto grupo. Todo ser humano deseja estar certo. Todo ser humano deseja silenciar as vozes dissidentes. Todo ser humano deseja que suas ações sejam justificadas. Toda individualidade se anula frente ao poder do coletivo. Todo ser humano é um fascista por essência. Pesado? Irreal? Reducionista? A verdade é dura, triste e indesejável, e ainda assim, é uma verdade. Todo ser humano é, em essência, um fascista. E disso se trata o filme alemão Die Welle, de 2008

A Onda (Die Welle) é um filme mais pretensioso (no bom sentido) e dramático que seu homônimo A Onda (The Wave – 1981), mas ambos contam a mesma história, que é baseado em um livro (The Wave, de Todd Strasser, também de 1981) que por sua vez, conta um fato verídico ocorrido na década de 1960, numa ‘high school'(o equivalente ao nosso 2o grau) em Palo Alto, California. Continue lendo “A Onda (ou todo ser humano é um fascista)”

Paradigmas e comportamentos · Pensamentos Aleatórios

Então, né? Pois é. Não foi. (ou Futebol, essa caixinha de surpresas…)

Eu não gosto de futebol. E não me arvoro a dizer que entendo. Mas a vida toda convivi com aficionados pela coisa (sabe como é, o Brasil é um país de técnicos…) então as regras do jogo não me são estranhas, e sou capaz até de palpitar, se me interessa. A questão é que raramente me interessa.

O legal (cof! cof!) de se estar ficando velha, é que a gente vai ganhando bagagem. E não é de ouvir falar em matérias de jornal ou frases de efeito em 140 caracteres. A gente sabe porque já viu, de fato, muita coisa diferente acontecendo ao longo dos anos. E em termos de Copa do Mundo, a cada 4 anos. Soma-se isso com o óbvio (Futebol é um jogo competitivo, onde um ganha, o outro perde, e psicopatias conspiratórias a parte, todo mundo quer ganhar), não vejo muito o que ficar discutindo a respeito: ou se ganha, ou se perde. E a vida segue em frente e ponto. Continue lendo “Então, né? Pois é. Não foi. (ou Futebol, essa caixinha de surpresas…)”

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Calar a boca? Vem calar!

O mundo tem 2 pesos e 2 medidas, e só não vê isso quem não quer. Nossos filhos, mal saídos das fraldas e ainda embolando a língua, costumam aprender a dizer “não é justo” mais ou menos depois que aprenderam a falar não. O resto, eles aprendem depois. É que temos essa percepção clara das dicotomias muito antes de percebermos o mundo como um todo, e apesar das frequentes confirmações futuras, viramos adultos abismados frente a estas variações de conduta, e nós mesmos, a reproduzindo.

Como diz o Galdino (O Teatro Mágico): “É a onda do momento depois das vuvuzelas: todo mundo querendo calar alguém.” Alguém enfia a vuvuzela naquele lugar. Cala a boca, Galvão. Cala a boca, Dunga. Cala a boca Tadeu Scmidt. Mas calar a boca que é bom (?!?), ninguém cala. E não vai calar. Já falei por aqui que temo que o mundo andou deixando de ser relevante, e em algum  grau, mesmo que de longe, concordo e tenho medo da tal época dos grunidos que Saramago (que o Universo o tenha!) previu. Mas verdade seja dita, esse mundo global e digital, de orkuts, facebooks, twiters e blogs tem seu mérito: a minha palavra, relevante ou não, tá solta no mundo pra quem quiser ouvir. Eu não preciso ser famosa ou relevante, eu não preciso aparecer na Globo. Eu sou alguém que fala, que emite uma opinião, que (supostamente) tem alguma coisa a dizer, doa a quem doer, incomode a quem incomodar. Não gostou? Não ouve. Ou vem calar… Continue lendo “Calar a boca? Vem calar!”

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A Arte e o Diálogo

Alguém pode me explicar o que é Arte? O Aurélio, o pai (e tábua de salvação) de todos os incultos diz algo como:

atividade que supõe a criação de sensações ou de estados de espírito, de caráter estético, carregados de vivência pessoal e profunda, podendo suscitar em outrem o desejo de prolongamento ou renovação…; a capacidade criadora do artista de expressar ou transmitir tais sensações ou sentimentos ….

Ilustração de Christina Tsevis

Mas como é que se cria uma sensação ou um estado de espírito? E se o caráter é estético, como se dissocia isso de uma avaliação pessoal que é perpassada pela cultura, pela perspectiva e pela história de vida do observador?  E se não se dissocia, a arte ainda é arte sem um sujeito que a observa? Os questionamentos vão em espiral e nunca terminam: Se a arte é obtida por uma técnica específica e as técnicas adquiridas através da tecnologia, a compreensão da arte está vinculada às tecnologias disponíveis? Quaisquer manifestação humana que criem / expressem as tais sensações e estados de espírito, são arte, independente do criador e do observador? A produção que expressa um sentimento embora não o desperte, é arte? Continue lendo “A Arte e o Diálogo”

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O suor, o futebol, o mel e as tropas da ONU…

Luis Fernando Verissimo tem uma crônica (do meu recém lido O Melhor das Comédias da Vida Privada) em que se refere a uma frase publicitária perfeita e o efeito que ela faria em seu criador (A Frase). Lembrei disso numa série de associações aleatórias por conta das propagandas do Rexona Men SportFan que é simultaneamente estúpida e genial. Vez por outra certas propagandas sintetizam com perfeição alguns conceitos, no caso, o efeito zumbificante  que o futebol exerce em algumas pessoas. E não são poucas…

Já é de domínio público a frase intelectualóide e esquerdista (notem que há diferenciação disso para intelectual e de esquerda…) de que “o futebol é o ópio do povo“, parte da mais-de-domínio-público-ainda política de Pão e Circo.  É que reducionismo pouco é bobagem… Em sua essência fundamental, isso não deixa de ser verdade, mas assim como nós somos feitos de átomos e átomos se reduzem a um quark, e um quark não nos define, esse reducionismo não define o fenômeno futebol.

E o mesmo caso dos reducionismos que afirmam peremptoriamente que televisão, internet e videogames emburrecem… Ou que intervenções são, por essência e natureza, um abuso de poder. O quê de verdade que existem nessas afirmações nem de longe encontram seu correlato total na realidade.  A verdade (ou o que podemos apreender como verdade de dada situação) é sempre muito mais complexa do que a análise de suas partes… Continue lendo “O suor, o futebol, o mel e as tropas da ONU…”